AI E MT: QUAL O PAPEL DO TRADUTOR?

Junho 15, 2021
Maria Joaquina Marques

São cada vez mais recorrentes os pedidos de tradução com utilização de AI e MT.

E o que é a AI e a MT?

Artificial Intelligence (Inteligência Artificial) é um ramo da ciência dos computadores que visa criar hardware e software para a produção de resultados semelhantes aos da inteligência humana.

Machine Translation (Tradução Automática) é a produção textual de uma língua para a outra através de um computador, de forma automática.

Na indústria da tradução, o que as duas têm em comum é serem anunciadas como uma ferramenta de ajuda ao tradutor humano. A grande questão para clientes e tradutores é se realmente ajudam ou atrapalham todo o processo de tradução.

Será que uma máquina pode efetivamente substituir um tradutor? A resposta é “Não”, pois o lado emocional, de raciocínio e compreensão de um humano é fundamental para uma boa realização do trabalho. Um tradutor – e isso ainda é mais evidente na área da legendagem que precisa de condensar para seguir os parâmetros – tem de entender a mensagem para a transmitir na outra língua e encontra quase sempre nuances, trocadilhos e piadas nos textos da língua de partida, algo que uma máquina jamais será capaz de identificar. Por muito práticas e inovadoras que sejam estas ferramentas automáticas, o papel do tradutor não está em causa e para um cliente isso é uma mais-valia. Porquê? Porque, apesar de não substituírem o tradutor, a AI e a MT podem auxiliar no processo de tradução, nomeadamente com opções já pré-definidas de uma tradução que apenas precisarão de uma revisão. Ao nível da tradução técnica, vemos maior influência da MT no processo de tradução, sendo que a pós-edição começa a ser cada vez mais requisitada por parte dos clientes. E, ainda que seja um pedido válido, o cliente não deve esquecer que esse trabalho não pode ter uma remuneração baixa, precisamente porque a edição e revisão será muito mais exigente. Já no caso da legendagem, é a AI a ser mais utilizada, sendo também o papel do tradutor avaliar as opções sugeridas e rever minuciosamente.

De um modo geral, podemos afirmar que a profissão de um tradutor não será posta em causa devido a estas inovações, precisamente porque lhes falta o fator humano. O tradutor pode e deve adaptar-se a estes avanços tecnológicos, fazendo valer o seu trabalho de edição e revisão. Ao cliente, cabe perceber que se usa ferramentas automáticas, o prazo para a edição ou revisão deve ser mais alargado e a remuneração também deve estar de acordo com a dificuldade da mesma. Não deve pensar que o tradutor tem o trabalho mais facilitado, um erro muito comum, pois é frequentemente o contrário. Uma compreensão dos resultados da AI e da MT farão com que o cliente perceba que as pode usar, mas sem descartar ou desvalorizar o trabalho subsequente do tradutor.